sábado, 20 de junho de 2009

Os Anos Criativos

A música é uma arte que sempre revela grandes talentos, estrelas e ídolos. Sempre foi assim, mas confesso que ultimamente tenho tido dificuldade para ouvir algo bom, original e criativo. As bandas e músicos atuais sempre me parecem mais saídos de um empresa de marketing do que de um estúdio.

Hoje em dia se faz música com o simples objetivo de fazer muito dinheiro, especialmente para as gravadoras. Quando uma banda surge, já se projetou toda imagem do artista e os passos seguintes que eles devem dar para vender milhões de DVD's e ingressos para shows, se tornando lucrativos.

Há alguns anos isso não era tão evidente, e volta e meia víamos algo novo e criativo surgindo por aí. Me recordo que há alguns anos, quando ainda morava em Pelotas, a PanSat (atual Viacabo TV) tinha o canal MTV Latino e era impressionante a quantidade de coisa diferente que se via por lá.

Na edição de abril da revista Noize, li o editorial, sob o título "Os Anos da Originalidade", que destacava que alguns anos foram especiais e importantes para a música, com o surgimento de talentos absolutos. O editorial, que era abertura para a matéria principal da revista sobre o ano de 1959 e o jazz, destacou que o rock foi abençoado nos anos de 1967, 1977 e 1991.

Tá bem. 1967 foi o ano de Hendrix, Janis Joplin, The Doors, Rolling Stones e tantos outros grandes talentos do rock. 1977 já era o ano do chamado rock progressivo, com Pink Floyd lançando Animals, e também do puro rock do AC/DC com o lançamento do álbum e filme Let There Be Rock.

E 1991? Pensei, pensei e nada me ocorreu. Daí resolvi pesquisar e qual não foi a minha supresa que muitas das grandes guinadas na histórias de minhas bandas favoritas aconteceram em 1991.

Na verdade eu iria um pouco mais além. O início da década de 90 (1990-1992) foi especial para a música em geral, pois foi nesta época que muitos artistas lançaram seus álbuns de estreia e outros tantos que beiram a perfeição, os quais são sucesso absoluto até os dias de hoje.

Vão aí alguns exemplos do que, plagiando o editorial da Noize, chamei do Anos Criativos:

1990 - Faith No More - The Real Thing





O Faith No More talvez tenha sido uma das primeiras bandas a trazer para o rock alguns elementos do rap. Após um razoável primeiro disco lançado em 1987 (Introduce Yourself), o Faith No More livrou-se do chato vocalista Chuck Mosely e contratou o irreverente e original Mike Patton. Em 1989 entrarm no estúdio e gravaram o disco que os lançou verdadeiramente no mercado musical: The Real Thing.

1991 - Metallica - Black Álbum




O Mettalica andava um pouco esquecido desde o lançamento de ...And Justice For All, em 1988. Isto porque a banda teve que se reformular após a morte do baixista Cliff Burton, aos 26, em uma estrada da Dinamarca, num acidente com o ônibus da banda durante a turnê do Master of Puppets, em 1986. Foi admitido na banda o baixista Jason Newsted, oriundo da horrível Flotsam & Jetsam e em 1988 lançaram o ...And Justice For All, que é um belo álbum, mas que não causou muito impacto. Foi em 1991, após vários anos de estúdio, que o Metallica encontrou sua redenção ao lançar o disco homônimo, mas que é popularmente conhecido como Black Album, em razão da capa toda preta.

1991 - Red Hot Chilli Peppers - Blood Sugar Sex Magik




Disparado o melhor disco do RHCP. O quarteto se reuniu em um casarão afastado do centro do Los Angeles e ficou confinado lá por três meses. Lá foram compostas e gravadas as músicas do Bloog Sugar Sex Magik que, de fato, é um álbum que traz uma clima um pouco misterioso. Isso se deve um pouco ao fato de que as músicas foram pouco ou nada modificadas após sua gravação a qual, diga-se de passagem, foi feita ao vivo.

1991 - Van Halen - For Unlawful Carnal Knowledge




O Van Halen não é lá uma novidade, afinal seu primeiro álbum é de 1978 e antes do FUCK o Van Halen já havia lançado 8 álbuns (VHI, VHII, Women and Children First, Fair Warning, Diver Down, 1984, 5150 e OU812). Este também não é o álbum de maior vendagem da banda, posto ocupado pelo 1984, com 10 milhões de cópias (o FUCK vendeu 3 milhões). Mas este disco é unanimemente considerado o melhor do Van Halen e, sem sombra de dúvidas, é disco que mostra a maturidade musical da banda. Basta ouvir Right Now.

1991 - Ozzy Osbourne - No More Tears




Depois de sair do Black Sabbath na década de 80, o maluco das trevas, Ozzy Osbourne, tentou desabrochar em carreira solo. Lançou vários bons discos como Bark at the Moon, Diary of a Madman e Ultimate Sin. Mas foi em 1991, com No More Tears e as guitarras de Zakk Wylde que Ozzy voltou a vender discos e fazer sucesso após o Sabbath. No More Tears não chega a ser ótimo, mas é um marco entre o ostracismo e o renascimento de Ozzy Osbourne

1992 - The Black Crowes - The Southern Harmony and the Musical Companion



Antológico. É que se pode dizer desse álbum que é puro rock and roll. Querem saber como eu rotulo o rock clássico: ouçam este álbum. Southern Harmony é o segundo álbum da banda (que 2 anos mais tarde lançaria seu melhor disco: Amorica) é a própria encarnação do rock. O Black Crowes conseguiu, num mesmo espírito, fazer músicas encarnadas e agitadas, alternadas com baladas fortes e backings femininos de primeiríssima qualidade, como pode-se notar na música Bad Luck Blue Eyes Goodbye. Ah, neste álbum foram lançadas Remedy, Thorn in My Pride, Sometimes Salvation, Blackmoon Crreping, dentre outras.

1992 - Rage Against The Machine




Este primeiro álbum do RATM chamou a atenção de todo mundo por três motivos: primeiro pelo som, totalmente original, tocado como heavy metal e cantado como rap; segundo, pelas letras fortes de protesto e revolução, vindas da cabeça doentia de Zack de la Rocha; terceiro, pelo excelentes solos e domínio total dos efeitos pelo guitarrista Tom Morello. É um disco que traz um som inovador e revolucionário que, sem dúvida, criou uma nova tendência no rock mundial.

1992 - Stone Temple Pilots - Core


O Stone Temple Pilots surgiu em 1986, mas foi só em 1992 que lançou seu álbum de estreia: Core. No início foi muito criticado por se parecer com Pearl Jam e Alice in Chains. Ignorando tudo isso, o disco vendeu mais de 7 milhões de cópias no mundo todo e revelou pelo menos dois grandes hits: Creep e Plush.

O Surgimento do Grunge

Em 1990 surgiu algo que considero ter sido o último lampejo de criatividade em movimentos musicais: O movimento Grunge. Surgido na cidade de Seattle/WA, nos EUA, os grunges deram um balanço especial ao rock, além de ficarem visualmente caracterizados pela roupas langanhentas e sempre compostas por uma camisa de flanela xadrez.

Basicamente 5 bandas estouraram de uma hora para outra, sendo que 4 delas tiveram estrondoso sucesso mundial: Alice in Chains, Soundgarden, Pearl Jam e Nirvana.

Este movimento foi tão forte que em 1991 foi lançado o filme "Singles", que mostrava um pouco da vida em Seattle. O filme é ruim, mas a trilha sonora é fantástica, com músicas de Screaming Trees, Paul Westerberg, Smashing Pumpukings, Mother Love Bone, além das 4 bandas já citadas. Foi neste álbum que o Pearl Jam lançou a excelente State of Love and Trust.




Neste período, vieram os discos de estreia das 4 principais bandas de Seattle, os quais mudaram de uma vez por todas o rumo do rock mundial:

1990 - Alice in Chains -Facelift



1991 - Soundgarden - Badmotorfinger


1991 - Pearl Jam - Ten



1991 - Nirvana - Nevermind




Essa época do início dos anos 90 foi tão criativa para os grunges que eles lançaram uma banda de um disco só: TEMPLE OF THE DOG, também lançado em 1991. Este disco surgiu para homenagear o vocalista da banda Mother Love Bone, Andrew Wood, morto um ano antes por overdose. O Mother Love Bone foi o embrião do Pearl Jam, pois era formado pelos músicos Jeff Ament e Stone Gossard, respectivamente baixista e guitarrista do PJ.



Com a morte de Andrew, que era amigo em comum dos músicos do Soundgarden, surgiu a ideia de homenageá-lo através desse álbum, que acabou lançando um dos grandes hits da época. A música era Hunger Strike e já contava com a participação de Eddie Vedder, recém admitido nos vocais do Pearl Jam e que hoje é a imagem da própria banda.

Nos anos posteriores, o gruge perdeu um pouco de sua força. Das 4, digamos, grandes, somente o Pearl Jam sobrevive (e muito bem) até hoje, pois o Soundgarden se desfez pela vaidade de Chris Cornell (a banda cedeu Matt Cameron para o Pearl Jam), enquanto que Alice in Chains e Nirvana se desfizeram pela heroína, consumida avidamente por seus vocalistas Laney Staley e Kurt Cobain, levando-os à morte.
Depois disso, nos anos seguintes, alguns outros excelentes talentos surgiram, tais como Dave Matthews Band, Jamiroquai, Alanis Morrisette, Ben Harper, Apocalyptica, Days of the New, Hootie & The Blowfish, Green Day e Live, apenas para citar alguns.
Contudo, não resta dúvida que a fase mais criativa da música nos últimos anos foi o início da década de 90, o que me leva a crer que os anos criativos acabaram.


*****


P.S.: TAMBÉM FOI EM 1991 QUE O XAVANTE VOLTOU PARA A PRIMEIRA DIVISÃO, GANHANDO O BRA-PEL DO SÉCULO COM UM GOL DO LAMBARI. NESTE MESMO ANO LEVAMOS A COPA CIDADE DE PORTO ALEGRE E EM 1992 CONQUISTAMOS A COPA CLÉBEL FURTADO!!

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Para Lavar A Alma


A ultima vitória xavante tinha acontecido há dois meses, contra o Novo Hamburgo, pelo Gauchão 2009, vitória que nos livrou do vexatório recorde de cair sem uma única vitória, feito este só atingido pelo inigualável time da avenida. Aquela foi a primeira vitória desde o estranhíssimo 15 de janeiro, mas não teve um gosto muito bom. Ontem o Xavante voltou à baixada para jogar uma competição oficial!

Numa bela tarde de sol, alguns milhares de rubro-negros empurraram o ainda desentrosado Brasil em busca da primeira vitória na Série C de 2009.

Foi um jogo tipicamente xavante: lances de pouca técnica, erros de tirar a paciência do torcedor, pressão do adversário e... aquele golzinho salvador aos 39 do segundo tempo, quando muita gente já caminhava pela Princesa Isabel de volta para casa.

Foi uma vitória para lavar a alma!

A alegria voltou à baixada e o clima de festa serviu para dar alguma esperança ao torcedor de que as agruras de 2009 se acabaram e agora a vida volta ao normal, embalada pelo sonho de chegar à Série B.

O primeiro passo já foi dado.