Lendo a Playboy de outubro (sim, a Playboy tem leitura), na semana passada, notei uma tímida página que falava sobre cultura, filmes e música. Logo ao fim da página, uma manchete em letras reduzidas dizia "O Grunge Não Morreu". Vi que a reportagem fazia referência a dois álbuns lançados no final de 2009, o Backspacer, do Pearl Jam e um outro álbum preto, o qual o editor não mencionou o nome do autor.
Contudo, uma frase enigmática no pequeno texto me chamou a atenção: "...William DuVall substitui nos vocais o falecido Layne Staley...". A partir daí percebi que a matéria tratava do novo álbum do Alice in Chains. Fiquei surpreso com este álbum, pois a banda havia se dissolvido após a morte do vocalista Layne Staley, em abril de 2002, por overdose de "speedball" (combinação de cocaína com heroína).
Staley tinha uma voz inconfundível, profunda, triste e parecia estar sempre lamentando algo quando cantava. Dava um ar sombrio e misterioso às performances do Alice in Chains. Basta ouvir Down in Hole para entender.
Segundos após ler a resenha, fui para a internet buscar o download do álbum Black Gives Way to Blue, que em tradução de enorme licença poética, significa "o luto dá lugar ao lamento". Mais ou menos isso.
Concluído o download, rodei a primeira música, e quase caí da cadeira: a voz e forma como DuVall canta tem mórbida semelahança com Staley. Sentia como se fosse o próprio Staley cantando, vivo. Como se nada tivesse acontecido.
Voltei a 1992, ao álbum Facelift e identifiquei nesse novo disco o bom e velho Alice in Chains, vigoroso, sombrio e pesado, sem perder sua identidade inicial.
Staley é inimitável e ficará na história do "grunge"/metal, da música e da própria banda.
Já DuVall honra seu antecessor a cada frase, cada estrofe, a cada música. Um substituto de respeito à Staley. E um substituto em respeito à Staley.
Um grata supresa para mim. O grunge não morreu! E o Alice in Chains ressucitou, vigoroso como nos velhos tempos.