Não, senhores leitores. Não se trata do fim deste blog. Mesmo porque, tacitamente, ele já acabou faz tempo.
É que neste gelado e chuvoso 20 de julho de 2013 me enchi de roupa e fui até à Baixada para o embate final entre Brasil X São Paulo de Rio Grande e lá vi o fim! O fim do campeonato sim, mas muito mais do que isso, presenciei o fim da grande URUCUBACA em que o Brasil se enfiou desde 15 de janeiro de 2009.
Naquela curva mal feita da RS-471, no final do dia 15 de janeiro de 2009, perdemos coisas demais além da vida de importantes pessoas para o nosso clube. Naquela mesma noite mergulhamos na maior urucubaca de nossa história, que começou dias depois, com a decisão-sanção da FGF que decretou nosso rebaixamento antecipado.
As versões são variadas, mas pelo que me consta, graças ao Estatuto do Torcedor e à rejeição de alguns clubes à proposta, o Brasil viu-se OBRIGADO a entrar no Gauchão de 2009 para jogar em pé de igualdade com os demais clubes. Uma igualdade teórica ou nem isso, porque tivemos que montar uma equipe com uns jogadores cedidos, outros emprestados (e imprestáveis) e alguns que "sobraram" do acidente, sem falar em jogar 8 partidas em 15 dias, viajar estrada afora pouquíssimos dias após uma tragédia, sem condições de treinar, etc.
Só um jumento cego não enxergou que o rebaixamento foi imposto naquela reunião da FGF.
Caímos para a segundona depois de 5 anos e, achávamos nós que a recuperação seria rápida. Terrível engano. Fomos bem na série C e classificamos para jogar a semi-final contra o América-MG. Era vencer e chegar à Série B do brasileiro no ano da tragédia. Uma glória, seria.
Mas lá estava ela, a urucubaca. No dia do jogo no Bento Freitas, um dilúvio alagou o campo que ficou impraticável. era impossível jogra futebol e gol, então, nem se fala. Num dado momento, parecia que Deus olhava para nós, quando um pênalti foi marcado a nosso favor. Mas logo, o diabo deu um jeito de escolher Cassel para a cobrança e bola passou léguas acima do travessão do América. Num jogo onde mal se conseguia parar em pé, desperdiçar aquela chance era impensável. Fomos eliminados numa derrota natural em Minas.
2011, ano do centenário do clube. Alguns traumas começavam a ser superados e o mágico Bento Freitas era cercado de muita expectativa e de esperança de comemorarmos os 100 anos de volta à Série A do gauchão. Fomos mal, não subimos e, para completar a melancolia centenária, fomos rebaixados no tapetão da Série C do brasileiro, por um erro de informação da própria CBF, que permitiu que escalássemos um jogador que deveria cumprir suspensão.
No ano seguinte, novamente desclassificados na segundona e eliminados na Série D do brasileiro.
Eis que surge um pingo de esperança: após uma bela campanha na copinha do segundo semestre, chegamos à final com o Juventude, o que seria a nossa chance de escolher uma vaga na Série D do brasileirão e de ganhar alguma coisa depois de muito tempo. Jogamos bem em Caxias. Saimos vencendo, mas permitimos a virada, terminando o jogo com uma derrota por 2 a 1.
Nada mal, afinal bastava vencer por 1 a 0 no Bento Freitas na volta que seríamos campeões.
Mas ela, a urucubaca estava lá, desta vez na voz 10 mil Xavantes que cantavam o mais urucubaquento grito que já se ouviu: "Eu acreditoooo! Eu acreditooo!". Nada funciona tao mal quanto este grito.
Depois de uns 2645 chutes contra o gol do Juventude sem a bola entrar , o apito final do árbito encerrou aquele que seria apenas mais um capítulo da velha urucubaca.
Sempre digo que quem não viveu, como torcedor apaixonado, este momento complicado da nossa história, faz troça com a nossa desgraça e não consegue entender que tempos angustiantes vivemos desde 15 de janeiro de 2009. E quem não viveu esse momento, não entende a nossa necessidade em extravasar além do razoável. Mais do que o acesso ou de um título, ainda que da segunda divisão estadual, a noite de hoje tem um significado especial que deve simbolizar a morte da urucubaca, para que possamos deixar o 15 de janeiro de 2009 para trás e para que consigamos, agora sim, reerguer nosso querido Xavante.