A postagem anterior, feita lá em julho de 2013, relatou o primeiro passo da minha postagem atual, que foi originalmente publicada no blog Crônicas de um Fã, do meu amigo Luciano Coimbra.
Sem delongas, até porque o texto e razoavelmente grande, reproduzo a publicação feita no Crônicas, de minha autoria (esperto voltar aqui para escrever sobre o título da Série D).
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SAIU!!!!!!!
Esse texto estava para ser postado desde terça, mas fui boicotado pelo meu PC nesses últimos dias.
Mas nada iria me abater e fazer com que eu não publicasse um baita texto, como eu mesmo falei para o meu grande amigo Marcos Souza, vulgo Peri ( twitter.com/PeriBatera ).
Esse texto dele é mais que uma comemoração pela conquista da vaga à Série C, é um desabafo frente a tantos acontecimentos com o Xavante nos últimos anos.
Segue na íntegra o texto que recebi para publicar aqui no blog. Vale muito a leitura!!!
“Mais que um acesso
Inspirado por vários e vários textos lidos nestes últimos dias, venho ocupar algumas linhas do Crônicas de Um Fã, do meu velho amigo Luciano Coimbra, para tentar, no mínimo tentar traduzir o sentimento de um torcedor Xavante com a classificação do último domingo.
Aos olhos incautos, a festança de segunda-feira pode ter sido exagerada, afinal apenas conquistamos um mero acesso para a TERCEIRA divisão do Campeonato Brasileiro.
Para o torcedor Xavante, contudo, não é um mero acesso, mas um renascimento. A saída de um período nebuloso, o fim de um ciclo de perdas e revezes que se iniciou em 2009, numa curva mal feita na BR-471, em Canguçu.
Ali, o Brasil não só perdia três importantes figuras de seu elenco, mas perdia o chão, a orientação. Desmantelados há 7 dias da estreia do Gauchão daquele ano, ficar de fora do campeonato não era uma opção, pois o time tinha compromissos financeiros, deveria pagar indenizações, possuía um custo operacional a ser honrado. No fundo todos sabiam que o Brasil estava rebaixado já naquela reunião emergencial da FGF, pois não havia condições psicológicas, físicas, humanas e financeiras. Foi desumano.
O ano de 2009 prometia ser vitorioso com a contratação de jogadores de qualidade, fornecimento de material pela Wilson, patrocínios de maior vulto financeiro e equilíbrio das contas e dívidas do clube. Mas 2009 sequer começou. Maldita curva.
Seguiram-se os anos e desde este fatídico acidente o Brasil foi acumulando frustrações: a eliminação na Série C nas quartas de final de 2009, o fracasso no acesso em 2010, a má campanha na Série C de 2010.
Eis que vem o ano do centenário do clube, em 2011. Os lançamentos do livro e DVD do centenário, com a história do clube revista e ampliada trouxe ao torcedor a certeza de que os tempos ruins eram parte do passado.
Novamente, fracasso no acesso ao Gauchão e uma campanha sofrível na Série C, mas suficiente para permanecermos no certame no ano seguinte. Não fosse o Cláudio.
Cláudio era o nosso lateral direito naquele ano. Contratado junto ao Ituiutaba (atual BOA Esporte), ele fora expulso no último jogo da Terceirona do ano anterior, de modo que deveria cumprir um jogo de suspensão automática.
Mas, ao solicitar os registros do atleta à CBF e à Federação Mineira, nada constava em sua ficha, e o Brasil escalou o atleta para o jogo de estreia contra o Santo André, quando vencemos por 3 a 2 lá em São Paulo.
Acabamos punidos pelo STJD, insensível à falha da CBF que informou a inexistência de punições ao atleta, e perdemos 6 pontos, o que resultou no rebaixamento à Série D. Logo no ano do centenário…
Em 2012, nova esperança. Chegamos à final da Copa Hélio Dourado, a famosa copinha do interior, uma das migalhas de FGF costuma dar ao interior todos os anos. O adversário era o Juventude, atolado em dívidas e com salários atrasados. Seus jogadores ameaçavam não entrar em campo. Mas entraram. E depois de vencerem no Jaconi e de segurarem 4.325 chutes a gol dados pelo Brasil, nos tiraram este título, que seria um alívio para nossas almas.
Para piorar, ainda caímos fora da Série D e, consequentemente, ficaríamos de fora de uma competição de nível nacional nos próximos anos.
Que sina! Será que um dia sairíamos desta escuridão?
A esperança, contudo, é algo que nunca falta ao torcedor Xavante e ao final de 2012 uma eleição acabou mudando os rumos dessa história. Com os sucessivos fracassos decidiu-se pela eleição de uma figura nova, que nunca tinha presidido o clube e Ricardo Fonseca, o Ricardinho, assumiu a batuta desta instituição.
Inicialmente criticado por sua atuação e suas ideias, Ricardinho trouxe ao clube o grande maestro da virada que estava por vir: Rogério Zimermann. Cativou a confiança deste talentoso treinador, que se mostrou fiel e montou um grupo de jogadores que reciprocamente se mostrou fiel à sua filosofia e à própria administração do clube.
A segundona de 2013 se abria para o Xavante. Subiam 3 clubes. Bastava ganhar um dos dois turnos do campeonato para subir. Não era difícil e chegamos bem e fortes à final do primeiro turno, contra o São Paulo de Rio Grande. No primeiro jogo, um baile Xavante, apesar do apertado 1 a 0. De antemão, já nos sentíamos aliviados pelo acesso á primeira divisão.
Mas nossa sina não estava por acabar. Pelo menos não naquele segundo jogo da final. Após perdermos por 1 a 0, a derrocada veio pelas mãos do goleiro Luciano, do São Paulo, ironicamente um pelotense, Xavante e que estava naquele ônibus tombado em 2009.
Quanta frustração!
O destino só nos permitiu explodir no segundo turno, quando vencemos o Aimoré e finalmente celebramos o retorno à elite gaúcha, a correção de uma das maiores injustiças já feitas com um clube de futebol neste estado e neste País. Era o primeiro passo para a superação.
Mas precisávamos retomar o caminho das competições nacionais e foi perseguindo este objetivo que o time se fechou em volta de Zimermann. Foram galgando degrau por degrau, ponto por ponto. Fizemos uma belíssima campanha no Gauchão desde ano que nos deu o título de Campeão do Interior e, com o terceiro lugar da competição, a valiosíssima vaga na Série D.
Nos agarramos a ela como a nossa última oportunidade de renascer, de recuperar o direito de jogarmos as competições que jogávamos lá em 2009, ambas surrupiadas por decisões administrativas. Mas não seria fácil, como nunca é.
Pegamos um grupo duríssimo e classificamos em primeiro lugar. Passamos pelas oitavas em cima do Operário/MS, com direito a um extraordinário 4 a 0 no jogo de volta na Baixada, e chegamos às quartas de final, para enfrentarmos o Brasiliense. Enxergávamos a Série C ali, a dois jogos de distância. Dois jogos, meu Deus!!
Esses dois jogos foram de uma tensão inexplicável. No primeiro, Baixada lotada e o Brasiliense abriu o placar logo aos 15 minutos. Rostos tensos, mas esperançosos viram a virada no segundo tempo, sacramentando o 2 a 1 e a pequena vantagem para o jogo de volta.
No jogo de volta, os 1000 Xavantes que rodaram os 2.341 km que separam Pelotas de Taguatinga quase perderam as esperanças ao ver o time da casa logo abrir o placar. Tiveram certeza do pior com o segundo gol, ambos marcados por Luiz Carlos, ex-atacante Xavante e autor do gol mais rápido da história do clássico Brapel, aos 18 segundos de jogo. Mais uma ironia sem a menor graça.
Nena nos devolveu a esperança com o gol de desconto e o jogo se arrastou no desértico cerrado brasileiro indo para os pênaltis, onde o mesmo Nena desperdiçaria a primeira cobrança. Mas no gol tínhamos Eduardo Martini, gigante durante o jogo e preciso nos pênaltis, para defender duas penalidades e nos dar o tão sonhado retorno a Série C.
Por tudo o que passamos desde o acidente, a classificação é mais do que uma simples classificação. É a possibilidade de suspirarmos forte, um alívio e uma libertação para que finalmente pudéssemos começar aquele ano de 2009.
Mais do que um acesso, a vitória sobre o Brasiliense simbolizou o fim definitivo de um ciclo de fracassos e derrotas que se abatera sobre nosso clube. Um período sombrio que se encerra, do qual não encontrávamos saída.
Este acesso significa libertar a alma para voltarmos ao que éramos antes de 15 de janeiro de 2009. Significa saber que superamos as adversidades e um perigosíssimo flerte com o encerramento das atividades do clube, pois quem está de fora não sabe o quão destruidor foi aquele acidente.
Superamos tudo e todos. E, como dizem, um Xavante vive de esperança, paixão e loucura. A esperança nunca nos deixou, a paixão está sempre conosco a cada jogo e a loucura meus amigos, essa saiu do fundo de nossos corações neste domingo épico que ainda não acabou.
AVANTE, XAVANTE!!”