segunda-feira, 26 de outubro de 2015

TEIMOSIA



Alvariza. Joaquinzinho. Galego. Tibirica. Claudião. Giovanni. Vanderlei. Barão. Duarte. Marcola. Ordinário. Salustiano.Três Cu. Hélio. Bira. Gilson. Luizinho. Cléber.Régis.  Nena. Breno. Milar. Martini. Zimmermann. Azocar. Felipão. Montanelli. Bento. Todos estes e tantos outros, como diz o hino, “tem o seu nome gravado na história”.

No último sábado, às 18:07 do já histórico dia 17/10/2015, todos estes nomes vieram às mentes xavantes por todo o Brasil. O apito final que selou a passagem do Brasil de Pelotas para a Série B do Campeonato Nacional nos fez relembrar um lindíssima, mas bastante sofrida história que já dura 104 anos.

Todos os nomes que construíram o Brasil nesta trajetória urraram das gargantas rubro-negras após os 90 minutos da pior agonia que já pude sentir e de inacreditáveis milagres de São Eduardo Martini.

- É SÉRIE B!!!!!!

Gritamos todos.

De corações taquicárdicos, mãos suadas e olhos marejados, anos e anos de sofrimento e luta alcançaram, finalmente, algo maior pelo qual sonhávamos e muito além do que estamos acostumados. Além do trabalho exaustivo, mas incansável daqueles que fazem o Xavantes nos seus bastidores, do amor incondicional e da devoção ensandecida de todos seus torcedores, um predicado foi fundamental para chegar até aqui: A TEIMOSIA!!

Sim!! Quem conhece bem a história do Xavante sabe por quantos e quantos revezes o clube passou e se viu obrigado a superá-los. Muitos times, por muito menos, já teriam desistido. Mas não o Brasil.

Já nos seus tenros 14 anos de vida, o Brasil perdeu o seu estádio próximo a estação férrea de Pelotas por conta de uma dívida com o Banco da Província. Poderia estar ali o fim deste clube que, por pura teimosia, resolveu continuar suas atividades num terreno qualquer do bairro Simões Lopes.

Em 1939, o então Presidente Bento Mendes de Freitas foi mais teimoso e disse: - “O Brasil tem que ter um estádio” e, desse sonho, a Baixada foi erguida e inaugurada no ano de 1943. Não à toa o estádio leva o seu nome.

Após duas décadas douradas nos anos 50 e 60, vieram as dificuldades dos anos 70 e todos os sinais nos diziam: - Chega! Parem com isso!

Licenciado de competições oficiais no ano de 1974, não nos demos por vencidos e novamente a teimosia falou mais alto. Resolvemos continuar e em 1985 chegamos aonde jamais imaginávamos chegar: o terceiro lugar na Taça Brasil daquele ano.

Depois disso, uma dezena de anos de maus resultados, rebaixamento, umas poucas alegrias e muita dificuldade. Apesar disso, nada nos fez desistir.

Em 2009, o pior de todos os nosso pesadelos: o acidente que matou Giovanni, Régis e Milar. Não bastassem as irreparáveis perdas humanas, o clube teve que pagar indenizações, jogar o Gauchão com um time qualquer. Enfrentou um rebaixamento anunciado já no início do campeonato.

Veio o ano do centenário e fracassamos na segundona e também na Série C, de onde fomos tirados pelo canetaço do STJD, nos rebaixando à Série D, que acabamos por perder no ano seguinte. Só o que nos restava era a segundona gaúcha, situação que faria muito time desistir de tudo. Mas não o Brasil!

Eis que em 2012 surge o mais teimoso de todos os sujeitos: ROGÉRIO ZIMMERMANN. Ele nos fez acreditar que poderíamos ir além, que poderíamos pensar em algo maior e finalmente voltar a sorrir.

Campeão da segundona gaúcha em 2013 não perdemos tempo e emplacamos o bi-campeonato do interior em 2014 e 2015, três classificações seguidas para a Copa do Brasil em 2014, 2015 e 2016, chegamos a Série D em 2014, conseguindo o acesso para a Série C e, há pouco mais de uma semana atingimos o ápice com o acesso à Série B do Nacional, lugar que nunca estivemos na era dos pontos corridos do Brasileirão.

O significado desse acesso para quem viveu e sofreu com todas as agruras, especialmente dos últimos anos, vai muito além de uma mera classificação à segunda divisão nacional, mas significa transcender a todos os limites possíveis e imagináveis, superar uma luta incessante desses 104 de existência e, principalmente, honrar todos aqueles nomes lembrados lá no início, e tantos e tantos outros que doaram seu tempo e suas vidas a fazer do Xavante o que ele é hoje, com as coisas boas e ruins já vividas.

Os gritos e lágrimas daquele 17/10/2015 exorcizaram todos os demônios que nos acompanhavam, nos dando a certeza de que chegamos a um novo patamar.

É. Os negrinhos da estação chegaram lá! Com amor, paixão, dedicação, trabalho, incentivo, devoção e, claro, muita teimosia!!

AVANTE, XAVANTE!!!