Hoje, segundo domingo de maio, foi o dia das mães. Datas como essa, para mim, tinham passado a ser mais um daqueles momentos em que sentia imensa saudade de meus pais. Especialmente nesta época, porque dia das mães e próximo do aniversário do meu pai, em 12 de maio.
Pra quem não me conhece, conto um pouco dessa história. Em 2006 perdi meus pais num intervalo de 3 meses. Primeiro foi minha mãe, que faleceu em 21 de março de 2006, após longos e angustiantes 9 dias de UTI, vítima de um derrame no tronco cerebral. Ficamos todos atônitos, sem saber o que fazer, imóveis. Uma situação incompreensível.
Meu pai, como é natural, ficou bastante triste e deprimido (eram casados há 38 anos), assim como o resto da família. Pouco tempo passou e uma péssima surpresa ainda estava por vir: em 8 de julho de 2006 meu pai foi encontrado em sua cama, já sem vida, pela Dilma (Silveira, não a Rousseff) que trabalhava lá em casa. A causa mortis foi um fulminante infarto, certamente acelerado pela tristeza que se instalara nele três meses e alguns dias antes.
Puxaram nosso tapete! Acabaram-se minhas referências na vida. Me senti sozinho, apesar de ter ao meu lado minha esposa, meu irmão e vários outros amigos e familiares
Meu irmão passou a querer exercer o papel de pai, mãe e irmão. Tudo ao mesmo tempo. E o tem feito até hoje.
Por alguns anos vivi triste, apenas deixando os dias irem e virem. Para mim, vivia uma situação absurda e incompreensível. Inexplicável, afinal de contas eles eram novos demais para morrer (62 e 67) e foi tudo muito rápido e inesperado. Sinceramente, pelo menos nos anos de 2007 e 2008 não me lembro muito bem do que fiz ou deixei de fazer.
Mas o tempo cura alguma feridas, modifica sentimentos e a gente percebe que, talvez, o que ocorrera jamais tenha uma explicação lógica e que a vida tem de continuar. Após algum tempo, passei a lembrar dos meus pais por lições, ensinamentos, frases, momentos engraçados e tudo mais que pudesse trazer boas lembranças junto do pensamento. Passou a dor e ficaram as boas memórias.
Entretanto, era inevitável que no dia dos pais ou das mães, por serem datas especiais bombardeadas por propagandas que nos lembram disso a todo momento, eu sentisse mais falta deles e relembrasse, na minha mente, de momentos e situações vividas com eles.
Mas este ano tudo mudou. O dia das mães teve um sabor bem mais especial: foi o primeiro que passei ao lado da minha esposa após termos tido o nosso Otávio, hoje com 48 dias, que nos traz tanta alegria, dia após dia. Aliás, um dado curioso é que ele nasceu dia 21 de março de 2011, exatos 5 anos após o falecimento da minha mãe.
Talvez esta coincidência tenha vindo para substituir uma data triste por outra alegre. Não significa que eu vá esquecer o que acontecera em 2006, mas com certeza servirá para aplacar sentimentos de tristeza que se substituirão a celebração do aniversário do Otávio.
E esta coincidência também serve para mostrar que a vida esta sempre em progresso. Acontecem coisas boas e coisas ruins. Uns morrem, outros nascem. E assim a vida segue, dinâmica imprevisível e sempre se renovando e reinventando. Me resta relembrar, agradecer e tentar, pelo menos tentar ser, para o Otávio, tão bom pai quanto meus pais foram para mim.
FELIZ DIA DAS MÃES!!