Alvariza.
Joaquinzinho. Galego. Tibirica. Claudião. Giovanni. Vanderlei. Barão. Duarte.
Marcola. Ordinário. Salustiano.Três Cu. Hélio. Bira. Gilson. Luizinho.
Cléber.Régis. Nena. Breno. Milar.
Martini. Zimmermann. Azocar. Felipão. Montanelli. Bento. Todos estes e tantos
outros, como diz o hino, “tem o seu nome gravado na história”.
No
último sábado, às 18:07 do já histórico dia 17/10/2015, todos estes nomes
vieram às mentes xavantes por todo o Brasil. O apito final que selou a passagem
do Brasil de Pelotas para a Série B do Campeonato Nacional nos fez relembrar um
lindíssima, mas bastante sofrida história que já dura 104 anos.
Todos
os nomes que construíram o Brasil nesta trajetória urraram das gargantas
rubro-negras após os 90 minutos da pior agonia que já pude sentir e de inacreditáveis
milagres de São Eduardo Martini.
- É
SÉRIE B!!!!!!
Gritamos
todos.
De
corações taquicárdicos, mãos suadas e olhos marejados, anos e anos de
sofrimento e luta alcançaram, finalmente, algo maior pelo qual sonhávamos e
muito além do que estamos acostumados. Além do trabalho exaustivo, mas
incansável daqueles que fazem o Xavantes nos seus bastidores, do amor
incondicional e da devoção ensandecida de todos seus torcedores, um predicado
foi fundamental para chegar até aqui: A TEIMOSIA!!
Sim!!
Quem conhece bem a história do Xavante sabe por quantos e quantos revezes o
clube passou e se viu obrigado a superá-los. Muitos times, por muito menos, já
teriam desistido. Mas não o Brasil.
Já nos
seus tenros 14 anos de vida, o Brasil perdeu o seu estádio próximo a estação
férrea de Pelotas por conta de uma dívida com o Banco da Província. Poderia
estar ali o fim deste clube que, por pura teimosia, resolveu continuar suas
atividades num terreno qualquer do bairro Simões Lopes.
Em 1939,
o então Presidente Bento Mendes de Freitas foi mais teimoso e disse: - “O
Brasil tem que ter um estádio” e, desse sonho, a Baixada foi erguida e
inaugurada no ano de 1943. Não à toa o estádio leva o seu nome.
Após
duas décadas douradas nos anos 50 e 60, vieram as dificuldades dos anos 70 e
todos os sinais nos diziam: - Chega! Parem com isso!
Licenciado
de competições oficiais no ano de 1974, não nos demos por vencidos e novamente
a teimosia falou mais alto. Resolvemos continuar e em 1985 chegamos aonde
jamais imaginávamos chegar: o terceiro lugar na Taça Brasil daquele ano.
Depois
disso, uma dezena de anos de maus resultados, rebaixamento, umas poucas
alegrias e muita dificuldade. Apesar disso, nada nos fez desistir.
Em
2009, o pior de todos os nosso pesadelos: o acidente que matou Giovanni, Régis
e Milar. Não bastassem as irreparáveis perdas humanas, o clube teve que pagar
indenizações, jogar o Gauchão com um time qualquer. Enfrentou um rebaixamento
anunciado já no início do campeonato.
Veio o
ano do centenário e fracassamos na segundona e também na Série C, de onde fomos
tirados pelo canetaço do STJD, nos rebaixando à Série D, que acabamos por
perder no ano seguinte. Só o que nos restava era a segundona gaúcha, situação
que faria muito time desistir de tudo. Mas não o Brasil!
Eis
que em 2012 surge o mais teimoso de todos os sujeitos: ROGÉRIO ZIMMERMANN. Ele
nos fez acreditar que poderíamos ir além, que poderíamos pensar em algo maior e
finalmente voltar a sorrir.
Campeão
da segundona gaúcha em 2013 não perdemos tempo e emplacamos o bi-campeonato do
interior em 2014 e 2015, três classificações seguidas para a Copa do Brasil em
2014, 2015 e 2016, chegamos a Série D em 2014, conseguindo o acesso para a
Série C e, há pouco mais de uma semana atingimos o ápice com o acesso à Série B
do Nacional, lugar que nunca estivemos na era dos pontos corridos do
Brasileirão.
O
significado desse acesso para quem viveu e sofreu com todas as agruras,
especialmente dos últimos anos, vai muito além de uma mera classificação à
segunda divisão nacional, mas significa transcender a todos os limites
possíveis e imagináveis, superar uma luta incessante desses 104 de existência
e, principalmente, honrar todos aqueles nomes lembrados lá no início, e tantos
e tantos outros que doaram seu tempo e suas vidas a fazer do Xavante o que ele
é hoje, com as coisas boas e ruins já vividas.
Os
gritos e lágrimas daquele 17/10/2015 exorcizaram todos os demônios que nos
acompanhavam, nos dando a certeza de que chegamos a um novo patamar.
É. Os
negrinhos da estação chegaram lá! Com amor, paixão, dedicação, trabalho,
incentivo, devoção e, claro, muita teimosia!!
AVANTE,
XAVANTE!!!